O Tesouro de Algarve
Quando eu era criança – e isso já faz tanto tempo que parece que aconteceu em uma outra vida – uma das minhas brincadeiras preferidas era escavar os jardins das casas por onde moramos. Na minha imaginação, eu iria encontrar vários tesouros, claro. Nunca os encontrei. Na prática, minhas buscas serviram para matar muitas das plantas da minha finada tia ou para machucar as pontas dos meus dedos, um sem-número de vezes, nos cacos de vidro perdidos no jardim. Também aproveitei, em mais de uma oportunidade, para enriquecer minha dieta com o ferro depositado no solo: sim, eu comia terra – hoje, comenta-se que o hábito de comer terra pode ter relação com a ausência desse micronutriente na alimentação. No meu caso, esse entendimento nutricional, se for verdadeiro, é perfeitamente aplicável: do que eu me lembre, não foram raras as refeições da minha infância nas quais não havia proteína de origem animal. Por comer terra, consequentemente, eu tive verminose mais de uma vez – daí que eu ta